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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

RAW ou JPEG ? Qual formato de arquivo usar?



Vou arriscar a falar em um dos temas, provavelmente, mais controversos da fotografia digital: O uso do formato Raw 

Tenho trocado opiniões com muitos fotógrafos que dizem só usar Raw. O fato é que quando se pergunta o por que, não sabem muito bem qual a resposta a dar, a mais vulgar é: “porque é melhor”, ou “porque guarda mais informação”, ou ainda porque “fico sempre com o arquivo original intacto sem sofrer perdas de qualidade”….

Depois, há a ideia generalizada que o formato RAW é o formato tipicamente e exclusivamente usado a nível “pro” e que, pelo contrário, o formato de gravação JPG é usado/destinado ao uso amador ou por não profissionais…

Bom, sobre este assunto e para que fique desde já esclarecido, não vou aqui dizer qual é o melhor ou pior formato de gravação (RAW ou JPG). Vou simplesmente transmitir a análise das vantagens e desvantagens de cada um deles dando, ao mesmo tempo, uma opinião pessoal sobre a matéria. Até porque, como mais à frente veremos, não há melhor, nem pior, tudo depende!

Embora este artigo seja um pouco extenso penso que, para a generalidade das pessoas, valerá a pena a sua leitura pois ajudará a esclarecer algumas dúvidas sobre o assunto. Para isso, nada melhor que visualizar e comprovar as diferenças através dos testes/demonstrações efetuados.

Mas primeiro que tudo, para comparar os dois formatos, temos desde logo que entender o significado de cada um. Sem querer aprofundar este tema entendo, contudo, que para a maior parte dos leitores uma noção básica será necessária para que se compreendam as diferenças:
  • RAW – Não é nenhuma abreviatura. É uma palavra que traduzida para português significa “cru”. A expressão equivalente mais correta, na minha opinião, talvez seja “em bruto” ou “não processado”. Isto quer dizer que este tipo de arquivo contém a informação de imagem (em pixels) inalterada tal como “sai” do sensor da câmera. Os ficheiros são gravados pela câmera sem qualquer compressão ( atualmente existem câmeras capazes de “comprimir a informação dos ficheiros RAW, mas isso já é outra questão ). Esses arquivos não são afetados com a utilização de regulagens na câmera como, por exemplo, ajustes de “sharpenning” (nitidez), WB (equilíbrio de brancos), modos de cor selecionados (vivido, menor ou maior saturação de cor, etc…). No fundo são aquilo que de mais parecido e equivalente temos ao negativo do filme da era analógica. Convém ainda saber que cada câmera e cada modelo de câmera tem o seu próprio RAW. Ou seja, o formato RAW não é estandardizado e único! Por isso é que cada modelo de câmera tem o seu apropriado programa de leitura/tratamento e conversão para TIF ou JPG! Estes ficheiros “em bruto” também podem ter terminologias próprias de marcas como “NEF” (Nikon Electronic Format), CRW – CR2 (Canon). Atualmente a Adobe criou um sistema que visa uniformizar os formatos RAW. O formato é denominado de DNG (Digital Negative). Algumas marcas já possibilitam a sua utilização (Hasselblad, Leica, Casio, Ricoh e Samsung). A mesma empresa possibilita também no seu programa “Photoshop” (a partir da versão CS2) e “Photoshop Elements” (a partir da versão 3) a conversão dos ficheiros “RAW” das várias marcas e modelos de câmaras atuais em ficheiros DNG para que mais tarde possam ser lidos e compatíveis. 
  • JPEG ou JPG – É a abreviatura de "Joint Photographic Expert Group". Este tipo de arquivo é substancialmente menor que o mencionado anteriormente. Contudo, o resultado final tem em conta todos os parâmetros (regulações) que lhe introduzimos e o resultado final é a imagem processada pela câmara em modo comprimido com a adição desses factores. Essas alterações à imagem ( equilíbrio de brancos, modos de cor, nível de nitidez ) são irreversíveis. Ficam a fazer parte integrante do ficheiro original.
A imagem do topo foi colocada propositadamente de forma a ilustrar e a melhor entender aquilo que acabo de dizer. Em baixo podem observar-se, nos crop’s a 100% da mesma, as diferenças dos resultados. A imagem em JPG conta com a “adição” de informações (regulagens da câmera) como “sharpenning hard”, “cores mais saturadas” e equilíbrio de brancos regulado para “nublado”. O resultado final em termos cromáticos é mais próximo da realidade, mas estas alterações efetuadas pela câmera introduziram também artefatos e isso provocou uma diminuição do recorte da imagem. (Caso não tivessem sido feitos quaisquer ajustes na câmera, provavelmente não seriam notórias, neste tipo de visualização ou até em pequenas impressões, quaisquer diferenças entre elas)



Agora vamos passar a mais uns testes/demonstrações das diferenças entre os dois formatos mas desta vez com ficheiros RAW (sem compressão) e ficheiros JPG, no modo de prioridade à qualidade e tamanho grande, em modo “flat” (sem regulações na câmera de modificação de imagem).

  • Quanto ao recorte (grau de pormenor):
Esta fotografia foi escolhida para este teste/demonstração em virtude do grau de pormenor que permite analisar.
Para esse efeito foram efetuados dois crops aos arquivos originais com apenas 300 x 300 px. Esses crops estão aqui representados/ampliados a 200% ( sem mais qualquer alteração ).
Quer isto dizer que os crops representam, em tamanho real, uns meros 8x8cm numa área total de impressão em papel de mais de 1 metro de comprimento por cerca de 70 cm de largura.
( Ao ampliar a 200 % uma pequena área da imagem com 300 x 300 px estamos a prejudicar obviamente a qualidade real da mesma mas, deste modo, podemos visualizar e aferir melhor acerca das diferenças existentes).

  • Quanto a preservação da informação em Altas Luzes:

Se no exemplo anterior (teste as diferenças de recorte), mesmo com um aumento a 200% as diferenças não são muitas, já quanto ao teste das Altas Luzes, começamos a notar a vantagem dos ficheiros RAW no que toca a preservação de informação (detalhe).
Desta vez foram efetuados crops a 100% das imagens originais com o tamanho de 600x600px.


  • Para melhor vermos as diferenças vamos analisar os histogramas (reportam-se à fotografia imediatamente anterior):




Conforme se constata no histograma da imagem, o arquivo RAW consegue reter um pouco mais de informação em relação aos tons claros. 


Quanto ao tamanho dos arquivos?

Pois bem, os ficheiros JPG’s destes dois últimos exemplos tem 4,84 MB e 4,14 MB, respectivamente, enquanto que os RAW’s tem, 15,7 MB e 15,4 MB!!!

Para dar uma ideia dessa diferença vamos, hipoteticamente, pensar num daqueles dias em que estamos “inspirados” para “carregar no botão” ( na realidade isso depende de cada um e do tipo de fotografia que estamos a fazer) , mas vamos fazer as contas a 400 fotos. Ora, 400 arquivos em formato JPG com cerca de 5 MB cada = a 2 GB. Nada que não caiba num cartão de memória e que ocupe muito tempo a descarregar para o computador. As mesmas 400 fotos, desta vez em formato RAW (sem compressão) a uma média de 15 MB cada = 6GB! Hum… já é um bocado, não? E isto, ou mais, num só dia!

Dito tudo isto e tendo também já sido explicado (muito sumariamente…) o que significa cada um dos formatos vamos, agora, passar a análise de cada um, designadamente as suas vantagens e desvantagens.

Para isso e uma vez mais para melhor compreensão elaborei a tabela abaixo que resume a informação que os distingue:

Clique para aumentar

Depois de ver as principais diferenças entre “RAW” e “JPG” ficamos com a resposta acerca de qual o melhor formato de gravação de imagens ?

Não, na realidade precisamos de saber e compreender acima de tudo porque precisamos de usar um ou outro formato e qual o mais adequado as nossas necessidades.



Uma vez, usei o seguinte analogismo para explicar porque é que nem sempre necessitamos de fotografar em RAW :



“ … muitas pessoas usam “RAW” porque é o melhor… a pergunta que faço é esta: Necessitam desse formato ? Sabem utilizar as suas potencialidades em pós-produção ?  Usar o formato de gravação “RAW” indiscriminadamente “porque é melhor” sem o compreender, não ter meios (computador capaz) e não saber tirar partido dele é como “comprar um Ferrari pelo motivo de ser um carro rápido e depois não o saber conduzir aproveitando a potência que tem ou utilizá-lo somente para fazer percursos citadinos a velocidades máximas de 50/60Km/h…!”.



Usando RAW devemos estar conscientes de que vamos precisar de um computador capaz (processador e memória) para “tratar” e converter as nossas fotografias. Depois há que saber tirar partido da pós-produção (recuperação e/ou correção de níveis, equilíbrio de brancos, etc...). 



Outra pergunta importante que devemos questionar-nos e que pode ajudar a responder acerca do formato que devemos utilizar: O que vamos fazer com os nossos arquivos ? Vamos imprimi-los ? De que tamanho ? 



Pois é. A maior parte das pessoas fotografa em RAW porque é “supostamente” o melhor formato, mas para que ? Para guardar simplesmente centenas ou milhares de enormes ficheiros de imagens no computador ? Para colocar as imagens finais sob reduzidos tamanhos na Internet ?


Se o caso é algum dos anteriormente citados esqueçam o RAW! Só estarão gastando tempo, armazenamento e a complicar o trabalho que vão ter em pós-produção.



Uma fotografia com o comum tamanho de 10x15 cm impressa num mini-lab ( as atuais “máquinas de impressão”) a partir de um arquivo original JPG reduzido a 1000 x 700 pixéis em JPG a 300 DPI’s com apenas 2MB de tamanho provavelmente não será diferenciável pela maior parte das pessoas duma impressa no mesmo lugar a partir de um arquivo original RAW convertido para 8 Bits com o tamanho final de 7/8 ou mais MB. Se não acreditam, testem!



Quando disse no início que iria “arriscar” a falar acerca da utilização do formato RAW era precisamente quanto a esta opinião pessoal que me referia, provavelmente muita gente que usará sempre RAW não concordará comigo, e nunca testou as diferenças usará esses tipos de arquivos por que lhe dizem ser “o melhor”. Fica a pergunta: Tira partido das suas potencialidades ? 



Bom, qualquer imagem para poder ser impressa tem necessariamente de ser convertida (caso esteja em formato RAW) para os formatos TIF ou JPG. 



Dica: Quanto à deterioração dos arquivos JPG, é certo que cada vez que os abrimos, fazendo modificações (nem que seja somente rodar a imagem) e os guardamos com essas alterações, perdem informação pois estão sujeitos a nova compressão com a inerente e irreversível perda de qualidade em relação ao arquivo original. Este sim, seria um dos motivos válidos para que não mais usássemos esse formato. Mas a solução é simples. Tal como nos arquivos RAW, que não perdem qualidade cada vez que trabalhamos neles, os ficheiros em JPG podem ser iguais. Como? Fácil. Basta que se crie uma cópia do ficheiro original e se “trabalhe” nessa cópia. Não é isso mesmo que acontece com os arquivos RAW? Guardamos os arquivos originais JPG e fazemos alterações/correções/modificações utilizando uma cópia.



Outra dica: Caso fotografemos em JPG o que devemos fazer é utilizar o modo que a câmera disponibilize que faça a menor compressão possível dos ficheiros. Usar um tamanho de fotografia Grande (L/Large) e simultaneamente usar a prioridade à qualidade em relação ao tamanho que o arquivo ocupa, são boas opções. Isto porque, quanto maior for a compressão efetuada pela câmera aos arquivos JPG, menor será o seu tamanho. Todavia, a qualidade de imagem será, também, tanto pior quanto maior for a percentagem de compressão.



Quanto aos tamanhos de fotografias que podemos imprimir em JPG? Utilizando as regulações acima descritas, numa câmara de 10/12Mp, podem imprimir-se fotografias até ao tamanho A3 sem que se note qualquer “pixelização” na imagem! Diferenças para uma captada em RAW e convertida em JPG para impressão? A profundidade de cores e dependendo dos ajustes efectuados em pós-produção um pouco menos de ruído de imagem. Todavia, para estes tamanhos, na minha opinião, começa a fazer sentido que cada qual use o método de gravação com que se sinta mais “a vontade” para “trabalhar” em pós-produção. 



Por isso, não posso dizer que nenhum dos formatos é exclusivamente o melhor, tudo depende…






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